NUTRIÇÃO E ENDOMETRIOSE

Dieta anti-inflamatória é a bola da vez nas redes sociais. Mas o que é esta tal dieta? A nutrição realmente tem o poder de tratar a endometriose?

O que causa a endometriose?

Para falar de tratamento, primeiramente precisamos explorar as causas da endometriose. Por mais que existam inúmeros perfis nas mídias sendo categóricos quanto à origem da doença, sinto informar vocês que, na literatura científica, ainda temos apenas hipóteses sobre o porquê de algumas mulheres desenvolverem esses implantes de células (semelhantes ao endométrio) fora do útero, que “grudam” em estruturas como os ligamentos, intestino, bexiga, vias urinárias, nervos, diafragma, e começam um processo de proliferação e inflamação progressivas, causando dor intensa (e muitas vezes incapacitante). Estas teorias são diversas, como falha do sistema imunológico em “limpar” estas lesões, alterações genéticas, erro na diferenciação celular ainda na vida intra-uterina, entre outras. Portanto, podemos apenas afirmar neste momento que as causas podem ser multifatoriais e não, você não é culpada por ter desenvolvido endometriose (como já ouvi muito por aí de médicos).

Como a alimentação pode ajudar no tratamento da endometriose?

Não sabemos as causas exatas da doença, mas sabemos que ela provoca inflamação crônica; e, como toda doença inflamatória e sem cura, a dieta tem um papel importante no controle dos sintomas. E é daí que surgiu a tal da “dieta anti-inflamatória”. Acho belíssima a valorização da nutrição no contexto da endometriose, mas é preciso ter cuidado com o que está sendo propagado por aí: protocolos rígidos, super restritivos e sem embasamento científico (principalmente no que se diz respeito ao uso de suplementos e fitoterápicos). 

Os estudos envolvendo dieta e endometriose demonstram que uma alimentação baseada em plantas (frutas, verduras, legumes, grãos, oleaginosas) com perfil mediterrâneo, com baixa frequência de alimentos industrializados e carne vermelha, baixo teor de gordura saturada e rica em fibras boas pode auxiliar a reduzir a inflamação, melhorar os sintomas e também a controlar os níveis de estrógeno no sangue.

O controle do peso corporal e o bom funcionamento intestinal também são fundamentais para o manejo da endometriose.

Não existe uma dieta única que vai atender as necessidades de todas as portadoras! Cada mulher tem, além da endometriose, outras questões clínicas associadas, preferências, restrições e rotinas que precisam ser analisadas com cuidado para uma prescrição individualizada e assertiva. 

Afinal, preciso tirar o glúten e a lactose da dieta?

Se você não tiver doença celíaca ou sensibilidade ao glúten não celíaca, fica tranquila – não vai precisar tirar seu pãozinho precioso da vida. O mesmo raciocínio vale para a lactose: não faz o menor sentido excluir leite e derivados da sua vida se você não tem sintomas intestinais com estes alimentos. No entanto, algumas mulheres referem desconforto com a ingestão de fontes de glúten e leite/derivados mesmo as versões sem lactose. Por isso é muito importante que você passe com um nutricionista para analisar seu hábito alimentar e cruzar com as informações clínicas, sinais e sintomas. Muitas vezes é necessário se consultar com um bom gastroenterologista clínico para descartar condições como doenças inflamatórias intestinais, SIBO (supercrescimento bacteriano do intestino delgado) e Síndrome do Intestino Irritável (muito comum em portadoras de endometriose). Em algumas situações, não será necessário excluir nada, mas sim realizar rodízios com outros alimentos. 

É verdade que plantas como a unha de gato, uxi amarelo e cúrcuma podem ajudar nos sintomas da endometriose?

O uso de fitoterápicos pode ser um complemento no tratamento da endometriose, mas não resolvem o problema sozinhos. Lembrando que devem ser prescritos apenas por profissionais capacitados, pois plantas também podem ser tóxicas para o fígado e podem interagir com alguns medicamentos. O tratamento tem data para iniciar e data para terminar, com rodízio de plantas a cada 2 a 3 meses com avaliação da melhora e de possíveis efeitos colaterais.

Não se desespere!

Lidar com o diagnóstico da doença já traz muita angústia para nós. Cuidar da alimentação não pode ser mais um motivo de sofrimento! Consulte um nutricionista para ajustes individuais e fuja das orientações generalistas como “faça uma dieta anti-inflamatória” rs Conte comigo para te auxiliar nesta jornada de maneira leve e sem restrições desnecessárias 😉

 

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